quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Sete Soldados da Vitória Volume 8

Esse é o último post, mas nunca é tarde, então aqui estão os outros posts: Volume 1, Volume 2, Volume 3, Volume 4, Volume 5, Volume 6 e Volume 7

Confesso que estou bem frustrado com o final da série, mas nada supreso com isso.

Depois de ler o final da Projétil, uma historinha bacana de super-heróis e de Frankenstein, vemos o bagunçado final que deveria esclarecer as pontas soltas e unir as histórias. Deveria, porque como tudo nessa história é complexo demais para se entendido por completo. 

Em Frankenstein descobrimos, ou parece que é isso, que os Sheedas são uma evolução dos humanos ou super-humanos que voltam de um futuro de apocalíptico fazendo a "colheita" de eras em eras. 

Depois, quando as histórias se reúnem e retorna todo um jogo metalinguístico, cada um a sua forma tem um papel para encerrar as colheitas dos Sheedas. O problema é que essa interligação é toda entrecortada, toda confusa, então, nem as séries em sim tem um final nem o contexto geral fica claro. 

No final temo bilhares de ponta soltas, sem a menor explicação. A história do Sr. Milagre por exemplo é a mais perdida de todas, sem falar que mexe no conceito dos Novos Deuses de uma forma que dificilmente será aproveitada pela DC. 

O que irrita é que se fosse um roteirista iniciante os críticos diriam que o roteiro é uma droga, cheio de furos, que é incoerente, incompreensível, com elementos jogados sem razão. Agora, como é Grant Morrison, seu séquito de fãs entende que tudo tem uma razão. Nada é uma ponta solta, você que releu vezes insuficientes toda a obra de Morrison, portanto, não pode entender. 

O texto do Nasi no final da revista retoma a idéia de um debate coletivo para desvendar a história. Ele é um entusiasta de Jenkins* e viu na série todo esse lado provocativo de discussões além dos quadrinhos. 

Realmente esse lado existe. A série é tão hermética, tão absurdamente viajada que você precisa se juntar com outras pessoas e tentar viajar junto nas idéias que Morrison desenvolveu para tentar ao menos se situar. Agora, tem uma falha nessa teoria, Sete Soldados é tão "complexo" que ao invés de levar pessoas a discutir sobre ele pode muito bem afastar os leitores que tem vergonha de dizer que não entenderam porra nenhuma. 

No final, se formos ver bem é esse tipo de história que Morrison escreve, toda pretensiosa, toda hermética e para provocar discussões só potencializa o que vemos cada vez mais nos quadrinhos de heróis: um grupo cada vez menor de fanáticos que acha genial histórias que só eles conseguem entender. 

Muito estranho para uma cultura que deveria ser de massa. 

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Como tinha um texto do Nasi na revista, o resenhista da vez foi o Delfin neste link.

Nada muito diferente do que o Nasi vinha falando, mas todo esse poder sobre a DC na mão de Grant Morrison é preocupante. 

Ok, ele pode ser revolucionário, mas os quadrinhos de herói não aguentam tanto isso. Um cara desse no comando de uma megassérie  da editora pode significar anos na sequência de história muito ruins desfazendo tudo que ele criou. 

Agora, gostei da análise da arte feita pelo Delfin, realmente a arte foi o ponto alto da série. 

Mas, para mim, no geral, não é tudo isso que esse pessoal que é fã do roteirista escocês achou. 

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Depois de tudo, a grande conclusão é que, mesmo não gostando e discordando da opinão dos meus amigos, fico feliz por ter essas pessoas com gostos divergentes do meu para conversar sobre essas histórias que eu não curto muito, mas que têm sim sua importância. Qual caminho será melhor para a indústria dos quadrinhos, ou mesmo se vai existir uma indústria dos quadrinhos só os anos dirão.


PS.:*O livro do Jenkins foi recentemente publicado no Brasil e pode ser comprado aqui

Um comentário:

Amalio Damas disse...

Eu já tinha dito que achei muita pretensão do Mr. Morrison. Porque a DC não lança um selo só para as viagens do Morrison? Talvez saia algo interessante. Para as megassagas seria mais prudente delegar ao Geoff Johns.