segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Sete Soldados da Vitória – Volume 2 de 8


Bom, continuando a análise de Sete Soldados, seguindo a proposta deste post.

O volume dois começa bem com a estréia de Zatanna, acho que uma das personagens mais conhecidas. As primeiras páginas com a história do grupo de ajuda para os super-heróis fracassados são bem legais e as cenas da Zatanna com o pai também.

Agora, de repente começam aquelas viagens irritantes. Oito páginas em “planos de magia” onde simplesmente não dá para saber o que acontece. No final, o que parecia algo super bacana gera como saldo Zatanna sem poderes e uma possível parceira-mirim com os mesmo poderes que a feiticeira perdeu.

A vantagem dessa história são os desenhos limpos, simples e todos arredondados de Ryan Sook, ideal para dar um meio termo de sensualidade e decadência para a personagem.
A história seguinte, início de Klarion, o Menino-Bruxo, começa a ser um pouco mais preocupante sobre a bizarrice que pode chegar a ser toda a série. Ela se passa em uma vila isolada onde sombrias pessoas azuis vestidas iguais Quakers (sim aquele da aveia) ressuscitam os mortos para trabalhar por eles.

Ah, um detalhe interessante é que esses zumbis operários são chamados de Grundy, igual o vilão morto-vivo da Sociedade da Justiça e da LJA (cujo nome é Cyrus Gold e foi o assassino citado nas primeiras páginas da edição passada).

Fora isso a história não evolui muito além do detalhe de que aparece uma daquelas fadinhas de armaduras lá do Prólogo do volume um que é chamada de uma das criaturas dos Sheedas, um nome que tem se repetido bastante.

O desenho da série é de Frazer Irving que também faz a cor. No final o trabalho dele é mais interessante de olhar do que a própria história. A pinceladas que ele aplica de branco em cima do pele azul dos personagens deixa tudo mais sombrio e aterrorizador.

Apesar de algumas bizarrices, o Cavaleiro Andante é a série que vem sendo conduzida de forma mais interessante. 

Só tem duas coisas que me irritaram um pouco nela: primeiro o Vanguarda não ter morrido depois daquela puta queda e daquela cena toda estranha e, agora do nada aparece na casa de um bizarro chefão do crime chamado Vicenzo; depois o sujeito misterioso, com o chapéu que solta fumaça, sentado no banco junto com Justin provavelmente responsável por permitir que ele aprenda instantaneamente a falar inglês.

Tirando isso tem o lado legal da série que é todos aqueles lances de cavaleiro do Justin, como a belíssima splash page onde, em resposta as provocações do monstro Sheeda de que a virtude desaparecerá ele ajoelha apoiado na espada e diz: "Não enquanto houver um Cavaleiro de Camelot". Outra coisa é que é justamente aí que começa a formar na nossa cabeça uma idéia maluca de uma linha do tempo ligando as séries e essa linhagem de vilões, os tais Sheedas.

Fora que o desenho de Simone Bianchi é sensacional. Aliás, as três primeiras séries da revista têm desenhistas de tirar o fôlego. Tanto Cameron Stuart, de Guardião de Manhattan, que tem o traço mais comum fica bem apagado em relação aos outros.

Aliás, Guardião de Manhattan, que deveria ser uma série que deveria ser um pouco mais “normal”, por ser um herói urbano, ficou absolutamente bizarra com a história de piratas “navegando” com trens por trilhos secretos nos subterrâneos de Manhattan. Uma puta viagem.
Tem bastante ação. Mas novamente cai numa surrealidade quando no final os piratas encontram a tal pedra mística de seis lados: um dado. Não rolou para mim.

Para fechar a revista o editor Fabiano Denardin teve uma puta iniciativa muito legal, muito necessária e pouquíssima feita pela Panini. Ele fez uma página de texto explicando a ordem da publicação, falando um pouco sobre a série e colocou uma coletânea de notas referentes à primeira edição. Algumas coisas são até obvias, outras irrelevantes, mas a maioria das notas são sacadas que, se você não percebeu, e não são fáceis de perceber, tornam a série bem difícil de ser compreendida no seu todo.

Então, essa seção batizada de Intersecções, algo relativamente fácil de fazer já que as notas foram tiradas de um site gringo, mas é extremamente útil e seria muito bom se todas as séries da Panini tivessem iniciativas assim.

***

Agora a resenha do Eduardo Nasi no Universo HQ.

Taí, me decepcionei um pouco com essa resenha Sr. Nasi.

Ele faz toda uma exaltação a polêmica que a série cria. A possibilidade de criar diversas teorias, conversas entres fãs, em fóruns, gibitecas etcs. Enfim, o hype que a revista cria.

Tá, isso é bem legal. Tenho lá minhas restrições se isso funciona da mesma forma no Brasil onde parte das pessoas já pode ter lido o material importado (legal ou ilegalmente), mas isso nem vem tanto ao caso.

Senti um pouco de falta na resenha das teorias do próprio Nasi para o que está rolando.

Agora, não sei se só por essa edição se justifica uma nota 4,5 (no UHQ essa é a nota quase máxima, pois a escala é zero e cinco). Não dá para saber se o Grant Morrison terá a habilidade do tamanho da sua pretensão analisando individualmente essa edição, então esse 4,5 provavelmente não é para a parte, e sim para um todo que o público brasileiro oficialmente ainda não teve acesso em larga escala. 

A arte é ótima, a edição nacional também, mas a história até o momento não e tudo isso. Eu até questionaria esse hype e toda essa discussão que criaria entre leitores, porque o negócio começa a ficar tão viajado que pode sim afastar os leitores.

Esse é um tipo de coisa que no momento é tudo muito bizarro e pode ser que mês que vem a gente fale uau, aquilo tudo é genial e relendo veja como tudo não era viagem e sim harmonicamente perfeito. Mas, até ver onde as coisas se encaixam, caso se encaixem, é difícil avaliar como genial uma parte de um todo.

PS.: Fiquei espantando em saber que existe um site entupido de informações e detalhes sobre Sete Soldados. Tem desde um guia para iniciantes como as notas usadas na edição nacional. Vou deixar o link registrado aqui, quando terminar a leitura vou vê-lo: 

PS.2: Quarta tem post sobre o volume 3

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