Se olharmos bem, há uma pequena brecha na lei que pode ser explorada: o fumo com finalidade artística.
São Paulo pensava em proibir o fumo dos atores durantes as peças de teatro, mas logo viu que isso seria muito mal visto na comunidade artística e abriu mão dessa restrição. Nessa linha, a lei do Rio de Janeiro já permitirá expressamente que atores fumem no palco se o papel assim exigir.
Daí você dono de bar pensa: no que isso me ajuda?
Simples esse é um momento único em que se pode criar um novo atrativo social que pode ser maior, mais barato e muito mais “cult” que o karaokê.
Imagine a cena – em todos os sentidos da palavra - : Um bar onde há um pequeno palco e um microfone para os clientes encenarem pequenos trechos de peças ou filmes onde o personagem está fumando.
Pode parecer estranho, mas em tempos de crise temos que inovar – e quem melhor que o brasileiro para dar a volta em qualquer lei.
Funcionaria assim: o cliente que quiser fumar sobe ao palco e, enquanto aprecia o seu cigarro faz uma leitura dramática de um texto. Ele estaria ao mesmo tempo tendo seu momento relaxante com o cigarro - aliviando o vício – e entretendo o restante da clientela.
É certo que no começo muitos vão ficar tímidos, mas sempre tem aquele que faz qualquer coisa por um cigarro e ele “puxará a fila”. Todos os outros clientes fumantes ficarão encantados com a possibilidade de fumar um cigarro bem ali, em um ambiente fechado e na frente de todos – a sensação de transgressão será um bônus para muitos. Até os não-fumantes ficarão loucos para entrar na brincadeira quando verem todos seus amigos subindo ao palco, sendo o centro das atenções.
Ao dono bar o único trabalho é a pesquisa de textos para oferecer para os clientes interpretarem. Algo nem tão difícil assim, basta seguir umas regras: A duração do texto deve ser calculada com base no tempo que uma pessoa leva em média para fumar um cigarro. O personagem deve estar em um momento que seja necessário um cigarro para complementar a cena (Beckett por exemplo será um campo fértil de pesquisa). Além dos textos clássicos deve-se oferecer cenas mais populares, extraídas de famosos fumantes do cinema. Não é necessário se ater aos monólogos, eventualmente alguém vai querer fazer um dueto. Fora que, com o tempo e a popularização desse formato de reduto para fumantes em cena, muitos começarão a ir ao bar com o próprio texto, já pensando no momento de subir ao palco e dar umas tragadas “artísticas”.
É uma ideia diferente, mas, considerando a quantidade de bares que já tem um palco e a facilidade de se esquematizar a operação, basta um lugar abrir o primeiro microfone para fumantes, nem que seja apenas uma noite por semana, que logo teremos uma nova febre.
2 comentários:
Apoiado. Como fumante e ator da vida, já me ofereço como cobaia.
Excelente idéia! Combater a truculência eleitorera extorsiva com cultura.
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