sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Fumo em cena

Com a lei antifumo em pleno vigor e todo o debate sobre onde fumar onde não fumar pensei em uma alternativa para os donos de bares que não querem perder os seus fumantes.

Se olharmos bem, há uma pequena brecha na lei que pode ser explorada: o fumo com finalidade artística.

São Paulo pensava em proibir o fumo dos atores durantes as peças de teatro, mas logo viu que isso seria muito mal visto na comunidade artística e abriu mão dessa restrição. Nessa linha, a lei do Rio de Janeiro já permitirá expressamente que atores fumem no palco se o papel assim exigir.
Daí você dono de bar pensa: no que isso me ajuda?

Simples esse é um momento único em que se pode criar um novo atrativo social que pode ser maior, mais barato e muito mais “cult” que o karaokê.

Imagine a cena – em todos os sentidos da palavra - : Um bar onde há um pequeno palco e um microfone para os clientes encenarem pequenos trechos de peças ou filmes onde o personagem está fumando.

Pode parecer estranho, mas em tempos de crise temos que inovar – e quem melhor que o brasileiro para dar a volta em qualquer lei.

Funcionaria assim: o cliente que quiser fumar sobe ao palco e, enquanto aprecia o seu cigarro faz uma leitura dramática de um texto. Ele estaria ao mesmo tempo tendo seu momento relaxante com o cigarro - aliviando o vício – e entretendo o restante da clientela.

É certo que no começo muitos vão ficar tímidos, mas sempre tem aquele que faz qualquer coisa por um cigarro e ele “puxará a fila”. Todos os outros clientes fumantes ficarão encantados com a possibilidade de fumar um cigarro bem ali, em um ambiente fechado e na frente de todos – a sensação de transgressão será um bônus para muitos. Até os não-fumantes ficarão loucos para entrar na brincadeira quando verem todos seus amigos subindo ao palco, sendo o centro das atenções.

Ao dono bar o único trabalho é a pesquisa de textos para oferecer para os clientes interpretarem. Algo nem tão difícil assim, basta seguir umas regras: A duração do texto deve ser calculada com base no tempo que uma pessoa leva em média para fumar um cigarro. O personagem deve estar em um momento que seja necessário um cigarro para complementar a cena (Beckett por exemplo será um campo fértil de pesquisa). Além dos textos clássicos deve-se oferecer cenas mais populares, extraídas de famosos fumantes do cinema. Não é necessário se ater aos monólogos, eventualmente alguém vai querer fazer um dueto. Fora que, com o tempo e a popularização desse formato de reduto para fumantes em cena, muitos começarão a ir ao bar com o próprio texto, já pensando no momento de subir ao palco e dar umas tragadas “artísticas”.

É uma ideia diferente, mas, considerando a quantidade de bares que já tem um palco e a facilidade de se esquematizar a operação, basta um lugar abrir o primeiro microfone para fumantes, nem que seja apenas uma noite por semana, que logo teremos uma nova febre.

2 comentários:

Ricardo Malta disse...

Apoiado. Como fumante e ator da vida, já me ofereço como cobaia.

Amalio Damas disse...

Excelente idéia! Combater a truculência eleitorera extorsiva com cultura.