terça-feira, 14 de outubro de 2008

Alice na cidade das Maravilhas


Já está na metade indo para o final a nova produção nacional do canal internacional HBO: Alice. Essa minissérie conta a história de Alice, uma garota de Palmas (TO), prestes a se casar, que vem para São Paulo para resolver algumas questões sobre a herança de seu pai Ciro, um lutador de Telecatch que se suicidou.

Como a personagem homônima do livro, ela é levada para um mundo louco, colorido que a deixa encantada (na verdade uma balada da alta classe paulistana). A partir daí nasce nela um desejo incontrolável de redesenhar sua vida com todas as cores, sons e sensações que tem direito.

Alice, vivida por Andréia Horta, começa a história como uma jovem insegura e passa a descobrir muito sobre seu passado, seu descontentamento com o presente e o quanto ela quer viver tudo agora sem pensar no futuro. Nessa viagem que deveria ser curta para São Paulo, Alice se descobre e descobre um mundo onde essa nova personalidade se encaixa direitinho.

É interessante que a série mistura muito emoções que normalmente são trabalhadas de formas isoladas para “não se contaminarem”. Ao mesmo tempo em que existe toda uma carga sexual, e, como em toda a produção nacional que se preze, com direito a muitas cenas soft porn, é forte a questão familiar.

Ao passo que Alice aflora sua sexualidade, anda com roupas provocantes e transa com homens que mal conhece, ela tem uma relação toda especial com a irmã mais nova, Célia, com a avó que está em Tocantis e a tia Luli que acaba abrigando a jovem no seu apartamento.

Aliás, a tia Luli é uma história a parte. Além de ser uma senhora toda legalize, ela está iniciando um intenso romance homossexual com outra senhorinha da série. Aí chega naquelas questões em que se acaba passando um pouco do ponto, contudo, se mostram sem cerimônias os seios das jovens atrizes porque não mostrar a cena de amor das senhoras de meia-idade (ou um pouco mais que isso)?

Eu sei que dá para discutir e muito esse lado tão “encantador” de São Paulo. Nem de longe é esse mundo perfeito que tentam vender na série, essa São Paulo higienizada, com uma alta-sociedade descolada de facílimo acesso. Mas... ficção é ficção.

O que vale a pena dizer é que a série tem uma plástica muito boa. A fotografia é digna de cinema, muito bem dirigida, com um visual excelente e acompanhada por uma trilha sonora bem selecionada que envolve de forma a fazer parte das cenas.

Além disso, o roteiro, os personagens, a interpretação dos atores e todo o pacote da série compensa. Pode não ser uma série revolucionária que vai mudar sua vida, mas é uma excelente produção nacional, daquelas que dificilmente vemos por aí.

Outra coisa que vale destacar é que a HBO investiu pesado no marketing. O site é bem feito, com várias formas de interagir, inclusive com um blog da Alice, e-mail, MSN e SMS, e permite que o internauta assista gratuitamente os dois primeiros episódios da série (uma boa oportunidade para quem não tem HBO). Além de outras ações que foram realizadas como a distribuição de pendrives com conteúdo exclusivo da série em faculdades e outros pontos de São Paulo.

Não vai mudar a vida de ninguém, mas recomendo Alice para todos.

2 comentários:

Amalio Damas disse...

Oba! Pelo menos vou poder assistir aos dois primeiros episódios. Sabe como que é, aqui em casa HBO quer dizer Hoje tem Boletim de Ocorrência. Achei super legal mostrar esse lado da homossexualidade na terceira idade, principalmente por mostrar que o sexo não morre com a terceira idade e olha que eu não estou falando de Viagra.

Anônimo disse...

Boa dica!