terça-feira, 22 de abril de 2008
Estamos assistindo: Big Bang Theory
Nos últimos anos parece que ser nerd virou cool. Estamos na década que nasceu tendo o hacker Neo, de Matrix, como herói e na qual a maioria das pessoas com uma renda razoável desfila por aí com celulares, câmeras digitais, MP3-4-ou-5, fora outros eletrônicos mais sofisticados e caros. Além disso, existe o fetiche pelas lembranças das décadas de 80, em especial aquelas músicas, séries e filmes que até ante-ontem você tinha vergonha de dizer que gostava sob o receio de parecer nerd.
Naquela época, nerd era sinônimo de CDF e perdedor, e ninguém gosta disso. Hoje essa relação já não é tão direta e até poderíamos pensar os nerds estão a um passo de dominar o mundo, se pensarmos no poder que as empresas do Google têm.
A série Big Bang Theory é uma alegre lembrança de que o glamour da mídia não é capaz de esconder os detalhes patéticos de um sujeito que se interessa mais por sessões de RPG multiplayer on-line do que por uma paquera no bar. Ao invés de colocar o "enrustido" Leonard como uma versão romantizada do nerd, a série explora justamente sua inaptidão em se declarar para a linda vizinha Penny.
Com o decorrer da série, este relacionamento chega a parecer mais difícil, de modo que não oferece exatamente o que o público que se identifica com Leonard (provavelmente o público-alvo do programa) possa desejar. O comportamento de Leonard, seu colega de apartamento Sheldon e seus amigos Wolowitz e Koothrappali só piora e se torna cada vez mais neorótico.
Aí entra o velho truque da catarse nas séries de TV, quando o espectador, identificado a princípio com o personagem, sente-se bem por não chegar ao extremo que ele chega e que acaba lhe custando sofrimento. E nessa hora, talvez, algum nerd na frente da telinha deixe de comprar aquele encadernado de Guerras Secretas e decida ir àquela festa da faculdade.
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