domingo, 2 de novembro de 2008

A navalha do leitor


Encontrei esse ótimo post no Blog do Torero, em que ele fala de sua leitura do livro "Quando Nietzsche chorou". Ele explica que não conseguiu terminar a leitura e que não gostou muito do que viu até então. Mas também faz umas considerações sobre o sucesso que o livro teve, analisando o texto e justificando suas opiniões.

O que atraiu no texto do Torero é que ele consegue expressar um sentimento ao qual estou muito familiarizado, que é um mal-estar por desgostar de livros que só pretedem ser "bom entretenimento". É uma espécie de receio de parecer conservador ou pedante por preferir um livro, filme ou música que signifique algo além do óbvio.

Sou leitor apaixonado por clássicos de todos os gêneros e estilos e também de autores modernos mais "engajados" e "experimentalistas", como Gabriel García-Márquez (principalmente o "difícil" Cem anos de Solidão), Ignácio de Loyola Brandão e Milton Hatoum. Fico meio mal quando algum amigo diz que o livro de contos de Alan Moore é o máximo sem conhecer muita coisa, mas não me acho no direito de assumir um tom professoral, afinal todo mundo é livre para ler o que quiser.

Mas também tenho medo do relativismo a que isso pode levar. É uma série de paradoxos que estão aí o tempo todo para quem transita entre o popular e o herudito de qualquer arte. Só entreter é pouco para uma obra? E o conhecimento e o empenho formal dos autores, não podem ser também fonte de prazer? Além da tal questão da "densidade" do livro, ou seja, a razão entre o seu volume e sua mensagem. Ainda tem gente que acha que um livro grande é bom sinal de que a pessoa lê bastante.

Num país como o nosso, existe a tendência de se comemorar qualquer leitura, qualquer marca do mercado editorial. Outra coisa que me incomoda um pouco, pois sempre deixa a impressão de que devemos comemorar por que poderia ser pior (da mesma forma como acontece na política em relação a muitas questões sociais). 

O que me conforta um pouco é a idéia de que a arte sempre pode ter significações diversas e abertas. E que ela, queira ou não, faz parte de um mundo em que problemas de todo tipo existem aos montes. 

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Um comentário:

Amalio Damas disse...

Taí o Calypso que não te deixa mentir! Hehehe!!